Fazia tempo que não se
viam. Dez anos? Quinze? Não lembrava. Mas o fato era que ao vê-la
sentiu-se como se nunca tivesse deixado de estar ali, perto dela. Como
explicar? Depois de tanto tempo, mal se falaram. Podia até se dizer que
estavam sempre se evitando.
Ele não sabia o que
dizer, como começar uma conversa, sentia-se como um adolescente diante
de sua paquera... mas tinha que dizer algo. Já fora por demais
impulsivo descer do carro em movimento e passar por entre os carros só
porque a viu, do outro lado da rua! Ela tinha os olhos fixos nos seus e
um sorriso bobo nos lábios. Ele retribuiu. Do carro, seu amigo o olhava
como se visse um louco: talvez ele tivesse razão.
- Oi.
- Oi.
Ela não podia acreditar!
Estava tão distraída, pensamentos no nada e, de repente, percebe um
movimento à sua direita e vê que um homem tinha saído do carro, ainda em
movimento, e passava agora entre os carros e sorria para ela. Estancou
na hora! Era ele. Não soube o que fazer. A cena era coisa de cinema,
não, novela das nove. Mas seu coração o reconheceu em segundos. Não teve
outra, o de sempre aconteceu: sorriso bobo no rosto. Sempre sentia
vontade de sorrir quando ele estava por perto... mas fazia tanto
tempo... o quê, dez anos? Não, quinze! E o efeito ainda era o mesmo.
- Oi.
- Oi.
Por um tempo a cena
ficou assim, congelada, ele olhando pra ela e ela sorrindo pra ele.
Pegos pela emoção, coração a mil, tanta coisa passando na mente, tantas
lembranças, de sorrisos, dos passeios, dos sonhos... mas as palavras que
queriam falar não saiam! Ela queria dizer que sentia-se encantada por
sua explosão de emoção. Não, setia-se emocionada e entendia o que isso
significava pra ele. Ele queria lhe dizer que nunca a esqueceu. Seu
coração batia feito louco...
- Será sempre assim? Pergunta ele, ainda sob efeito da emoção.
- O quê? Pergunta ela sem tirar os olhos dele.
- Meu coração sempre vai falhar uma batida todas às vezes que te ver ? Sorri, esperando resposta.
- Eu não sei... me diz
você. - Ela inspira, coração começa a bater no compasso novamente,
fazendo com que consiga articular alguma coisa.- Quem sabe você
descobrindo a resposta possa me dizer... assim eu entenderia muitas
coisas.
- Tais como..
- Por que sempre parece que nunca ficamos tanto tempo afastados ? Por exemplo.
- Porque talvez nunca estivéssemos longe um do outro, no coração.
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